Ação do Cras Santo Antônio resulta em flagrante

Servidores identificaram situação de exploração e acionaram as forças de segurança para resgatar oito pessoas, incluindo duas crianças.


A atuação dos servidores do Centro de Referência de Assistência Social (Cras) Santo Antônio foi fundamental para o flagrante de um caso de trabalho análogo à escravidão em Rio Preto. O caso, registrado na noite desta quarta-feira (5/11), resultou na detenção em flagrante de uma costureira de 32 anos, suspeita de explorar três casais de imigrantes bolivianos que trabalhavam em condições degradantes em confecção no bairro Santo Antônio.

Na manhã de quarta, seis adultos e duas crianças haviam procurado o Cras em busca de ajuda. Em atendimento, relataram jornadas de até 18 horas diárias, sete dias por semana, com pagamento médio R$ 1 mil mensais por casal e alimentação controlada conforme a produção. Segundo os relatos, quando havia queda nas produtividade, a empregadora reduzia as refeições — chegando a oferecer meio pão no café da manhã — e justificava que as crianças poderiam se alimentar nas escolas.

Os trabalhadores, que moravam no mesmo local onde costuravam, contaram ainda que sofriam restrições de saída, agressões verbais e descontos no salário por supostas dívidas impostas pela empregadora. Uma das mulheres, gestante e com gravidez de risco, relatou que era impedida de realizar o pré-natal. O grupo procurou espontaneamente o Cras quando a suspeita saiu para uma consulta médica.

Restrição de liberdade

Diante da gravidade da situação, a equipe técnica do Cras acionou o Centro Pop para viabilizar passagens e abrigo temporário às famílias, promovendo o encaminhamento à Casa de Cirineu. No entanto, parte dos trabalhadores precisou retornar à residência para buscar documentos e pertences, ficando novamente impedidos de sair.

Ao perceberem a situação, os servidores acionaram a Polícia Militar e a Guarda Civil Municipal, que realizaram o resgate dos trabalhadores e conduziram a suspeita à Central de Flagrantes.

A ocorrência foi registrada como redução à condição análoga à de escravo. As vítimas receberam atendimento social e encaminhamento para retorno seguro à cidade de São Paulo, cidade onde possuem familiares.

Para a secretária de Desenvolvimento Social, Sandra Reis, o caso demonstra a importância da atuação integrada da rede de proteção social. “A sensibilidade e o preparo técnico dos profissionais do Cras foram essenciais para identificar a gravidade da situação e acionar rapidamente as autoridades. Nosso compromisso é proteger vidas e garantir que nenhum trabalhador permaneça em condição degradante dentro do nosso município.”